A água do riacho corre
mansa...
descansa
remansa
ressalta
a ciranda do vento:
bafo aquecido de sol pungente
calmo
sereno
quente (...)
De repente
o encontro de minh’alma com o
êxtase do corpo
ambos estacionados em si
bemol
bem-momento-mesmo da simbiose
das moléculas
instante soberanamente
poético
estágio da divina fase
em que o pulso do peito
palpita a gritar a música
e o coração punge a não
falavra
linguagem sísmica:
expressão cardíaca que cria
boca
balbucia
desboca
labia a melodia
do silêncio no riscar do teu
cello de dentes bem postos
dicção da facilidade sonora
descrição da suavidade
timbral
balé da cinética líquida da
minha mão
e dos pés que salteiam a
amarelinha
e da coluna que se invertebra
e se deixa levar
lévida no lento leve brisa
que lívida massageia o ego
que egocêntrico
interioriza-se pra fora:
veias são fitas:
cabelos que compassam teu
ri-dentro no ritmo-fora
que sofrega o canto do
uirapuru que habita em todos nós
a desatar os nós
da ignorância
do espaço especial não
conhecido:
suprema sapiência de si mesmo
supremacia do esmo
rio mágico que corre pro
maremoto do penhasco da solidão nossa de cada dia
desembocando, vomitando, vou
imitando o abismo surreal
nessa espirardente
que inspira a sobreposta
natureza humana
que saliva a corredeira no
fim da tarde da vida
alvorada avermelhada que se
dilui em cinzas
matiz que se desfaz
se desmembra
se desintegra
se entrega
pra parte integral da
existência:
essência do supragosto que
dorme no flamejar da desagonia
da liberdade que dança por
baixo-em-cima de todas as minhas células vivas
vívidas de agudas harmonias
que penetram no sangue
ensandecido, ensolarado e ensopado dessa euforia
pra vingar a villa-lobança
gravada na pausa intensa desse dia.
Juliana Ponciri, 24/06/2005.
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