quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vaguidões

Tempo que não disfruto da noite crua de suas luzes laranjazuis...
A luz amarela segue salgando a intermitência
Assim: mórbida, fosca, morta.

De tanta artificialidade ando perdendo minha incandescência
Talvez seja eu só reflexo sem nexo convexo verso deste distúrbio volátil dos dias...

Insone, vou por entre vagões e vaguidões de não-eu...
E sóis nuvens, da mesma solidão-mim, o velho matiz cinza...
Típica moléstia agonia comum que retumba a insuficiência do mundo vazio de si...
Bem lá onde não consigo sagrar minha primavera...
Cada dia me tenho mais gris
Desertidões de óbito são emitidas nos carimbos-passos sonoplásticos que compõem esta sinfonia rasa que embrulha-me os sentidos...

Vomitar um verso novo sobre ela!
Regurgitar vida nova para dentro de mim!
Ex-tra-vasar o verbo!!!
Derramar-me para dentro da possibilidade!

Olho a janela
No próximo minuto serei REBELDE!
Estou RESOLUTA.

Vou fazer meu tempo.
Sim! Torná-lo próprio!

Vou me permitir o tempo da maturidade:
Dos anciãos que caminham carregando
Sobre os ombros e as almas
A clarividência dos anos...

Vou me permitir o tempo dos enamorados:
Que por um carinho, um olhar ou mesmo qualquer gesto frívolo
Subvertem as leis ditadoras da pseudo-verdade dos ponteiros
Criando, melhor, religando-se à sua realidade primeira
Tão cheia de tanta identidade!

Ah... ¿Que delicadezas de gestos seriam tão fortes a ponto de aguentar meu peso?

Caminho por entre a gente
E cada passo meu carrega os silêncios obrigados a calar.
Qualquer carinho de brisa me valeria...
Ainda que forçada por um rastro de trem, de ônibus, de pessoa
Transeuntes compulsoriamente apressados e cegos para ver se se alcançam
Sem notar, que quanto mais correm, mais a vida se distancia...
Porque ela que tem seu ritmo contrário a qualquer lógica
Inclusive à sua mesma...
Quando a gente acha que já aprendeu o rosário
Ela nos remete a novos mistérios...
Tão própria de si, tão alheia a qualquer sistema que não seja a transcendência
É de sua natureza ir além:
Extra-vasar!

Engulo um pouco de ar-pressa pra ver se me salvo...
Ops! É chegada a estação!
Quero um gole de agora
Vou beijar a primeira criança que cruzar meu caminho!

Religa-me vida! Religa-me..!

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