domingo, 3 de abril de 2011

Surpresa

Surpresa encontrar o diferente irmanado
Seres que carregam o espírito aberto em pavão
Colorindo e abraçando a humanidade anestesiada
Humanizando o maquinal, o frívolo, o fútil

Surpresa ouvir tua voz tenra, doce, pausada
Recostar meu cansaço na rede acolhedora de teu timbre
Seguro, preciso, macio

Surpresa senti minha pele cantando o cântico dos sereias
Melodia que enfeitiça levando-me a meditar
Surpresa notar meus poros dançando em harmonia o balé em alga da tua energia
Suave e elegante valsa no derramar do teu abraço em mim

Surpresa saber do teu toque em meu ser convertido em dedos
De toda tato que sou nossas mãos se dão rumo ao infinito
De tuas mãos... que dizer delas?
Tuas mãos me levam a tocar as estrelas
Que importa se elas não tocam violão?
E teus olhos? São um dilúvio de ternura
Que importa os dias que hei de passar na seca?

Surpresa teu sorriso despertando o sol em pleno coração da noite
Fazendo luzir tua alma-lençol expandida no universo de meus dias cinzas
Surpresa teu pensar tão puro e direto e perfumado
Simplificando o meu caos e dando-lhe objetividade

Surpresa saber-te homem, digno, ético
Surpresa saber-te compreensivo, solidário e de riso fácil
Surpresa saber-te entregue, romântico, menino
Surpresa nossas histórias, medos e sonhos assim confundidos...

Surpresa é ainda surpreender-me ante ao meu comunal nadismo.

Hoje é primeiro de abril, dia da mentira
Estaria o destino pregando-me um peça?
Não me acorde com a cifra desta verdade
Permita minha música extravasar esta nulidade.

Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário