quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eu Rio

Quanto tempo mais leva para a tua boca regressar à minha?
Quantas luas mais terei de suportar sem tua mão encaixada na minha?
Quantas voltas mais a Terra, eu, teremos de dar procurando teu olhar?
Quantas viagens, mapas, e códigos hei de me perder
tentando reencontrar o endereço do teu cheiro-conforto
Este que levei a vida inteira a buscar?

Me diz quem haverá de suprir o teu tenro trono em meu coração?
É todo teu o merecimento do que me impulsa vida!
Que pés hão de ter a textura dos teus?
Que corpo se encaixará tão perfeito no meu?
Que temperatura haverá de sincronizar a minha?
Que tão forte e poderosa energia há de me fazer voar em paz?

Que ouvidos atentos hão de transpor minhas ideias e ideais?
Que doces brincadeiras hão de arrancar meu mais doce sorriso?
Que outros braços hão de dar-me a segurança do teu abraço?
Que outra alma sensível haverá de captar os ângulos do belo
escondido em cada detalhe da minha oscilante aura?
Subjetividade guardada a sete chaves no labirinto de uma vida
que na tua presença é livre e dança criança em sois e sis bemois!

Que delicadeza de traços e gestos hão de dar-me esta certeza?
De estar diante de algo grandioso, terno, puro...
No teu regaço experimento a doce ternura dos anjos
Sublimação de tudo quanto já viveu e vive em mim
Momentos raros e mágicos e plenos...
Saio deslizante e, fluando vou pelos teus pêlos
Passeio sublime em dedos a nobreza de tuas minúcias
Barbas, sobrencelhas, cílios, queixo! (com furinho! ^^)
E fico eternamente acomodada no ajuste perfeito do teu cangote
O cinto de segurança do carro não foi feito pra mim
Mas acoplada às tuas curvas-minhas, nenhum mal pode me atingir
Nada me tira da plenitude êxtase de sentir que te pertenço
Me perco em delírios nos infinitos ínfimos de tuas-minhas formas!

E assim lembrando de ti
Já não fico em mim
A memória de minhas células viajam ao teu encontro
- Já que em mim elas não encontram abrigo -
Tudo quanto pulsa em mim flui naturalmente para ti
Tu ocupas o centro de meus silêncios
A loucura voraz que consome meu entendimento
As ágeis desmesuras acometidas em cada pausa
A fome suscitada, a sede suscitada, a ausência suscitada

Meu corpo sái louco em busca de tua presença
Seu fluxo quer encontrar-te de qualquer maneira, para ser livre
- Liberdade afinal é tudo que minh'alma procura -
Meus pulsos e fluxos querem plenos desaguarem em ti
Tu: mar de sensações e sentidos entendidos unidos unívocos!
Harmonia transcendente!

Tento explicar e me anulo...
Eu? Dona das palavras? Aonde?
Sequer sou dona deste rio que me habita
Não o consigo conter
Ele encontra brechas em mim para vazar ao teu encontro
E nos meus sonhos e distrações
Me molha por baixo, e tão logo por cima
Esticando a sua represa-eu à máxima potência:
Vou alagando-me e alargando-me e alongando-me
Vou dilatando-me e estendendo-me e distendento-me e espalhando-me
Até de extremo eu transbordar!
Descomedimento em que me perco e quase me rasgo, me quebro, me estrago
Fato é que me desconstruo por completo
E tentando conhecer-te, me desconheço...
Tu: mistério tão claro e tranquilo em meditações
E tão obscuro e medonho em oscilações...

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