sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ode a Ceresia

Muitos chamam-me pedra.
Não. Sou rocha. E porosa.
Rocha viva dialogante. Cambiante.
Permissível ao fluxo dos elementos.
E deixo livre também a heresia
Para fazer nascer a ceresia
- Com bastante calda por favor! -

A ceresia é aquele cuidado especial
É aquele desejo mais substancial
É o retoque final do sorvete
Que está ali dizendo: Eu sou singular!
Então você vai se deliciando do sorvete até chegar a cereja
- Isso me lembra Tchecov -

É o desejo que a faz tão saborosa
Se você simplesmente a come
Ela não tem valor simbólico
Então melhor que mergulhes desastrosamente
em um pote de cerejas MUITAS!
E morrer de dor de barriga depois!

Mas eu tô falando da do sorvete
Do pecado que é ter este tipo de cereja para si
E da saudável delícia que é esperar comê-la
E então pegá-la, alcançá-la, retê-la como teu troféu
E intimamente você se resume à ser boca
E condensa todos os sentidos no paladar
É uma mistura de gula nostálgica e variante
que vai penetrando teu ser e
transpassando sentidos
E vai alimentando corpo alma e gozo
E escorrendo por entre dentes e línguas e salivas e estesias
Até você virar um todo sinestésico...

O mundo moderno precisa da ceresia,
senão tudo se reduz à mais-valia. ;)

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