terça-feira, 3 de maio de 2011

Sedução

Linda e plácida a poesia gemia...
alongando-se escorria como um rio de abril
febril, inerte meu corpo anoitecia
vertendo-se santo no negrume da sua cândida euforia
penetrando nas veredas de meus doze sentidos
sibilava tentativas de caminhos-explosão
dedilhando versos descompassados por rebeldia
ela teimava em me fazer de ninho
poestesia escorrengo lânguida do ventre
tíbia, sussurrava o grunhir vazio oco dos dias:
_Preencha-me! bradava ela
e eu a tentar formas me retorcia
ela gritava: _Põe-te pra fora alma!
e eu de receio a prendia
como um bicho domesticado
e ela oscilava vadia e voraz
e me inquietava de radicalidade
perscrutava-me com seu hálido visceral
como um vampiro com sede de minhas entranhas
e eu lutando jasmins com o olor de sua fome
ela perseguindo-me, espreitando-me como cobra
querendo vitimizar-me para se fazer plena
regugitar-se por meus poros-voz
timbres sedentos, roucos e desonados latiam
no compasso apressado, forte, denso deste tango-eu
salivando em minha carne suas ganas de éter
de amor, de alguém, de sonho
e eu toda posta em cielo
só conseguia responder aguda
goza em mim tua música pro mundo!

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