sábado, 23 de abril de 2011

Fica

"Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu." (Renato Russo)

E de repente a poesia chega em sua vida:
Os olhos molham,
A boca séca,
Os lábios calam,
As palavras cessam...

A poesia traz este silêncio necessário à plenitude do espírito:
Ela quem sustenta o vôo de sua dança
O verbo para toda carne...

Me vou quando ficas em mim: só em mim!
No teu foco, volto ao meu centro
Equilíbrio de sensações e de pensamento!

Óhhh sinta-me assim!
Carimbo de existência neste mundo grande-ínfimo
Passaporte de acesso ao paraíso!

Digni-ficas me!
Meu atalho para Deus, o Deus homem
Humanamente belo, suave, sublimação expandida!

Óhhh ficai em mim pois!
Deixai cair sobre meus sonhos cansados teu repouso!
Fica com teu mundo-olhos dentro dos meus!

Fica!
Deixai assim aberta a porta deste tempo infinito vivendo
Põe teu pulsar dentro do meu!

Acoplai teu avesso na pele-póro de meus dias
Põe teu azul-sismando no meu cinza-esperança
Construamos novo matiz!

Abra a boca desta tua mente que me acessas docemente
Pintando com flash's de estrela minhas sinapses(e meus sinais)
E grita para dentro de mim o eco subversivo do que não entendes!
E desentendido, nos entendamos pois!

Rosna o brado nobre de teus mistérios para dentro deste meu corpo-mundo!

Óhh sim! Eu te recebo, meu querido buscador de respostas sem perguntas
Te abro meus braços, mente e espírito
Pro acesso de tua identidade:
Abraço de graça, Deus te nos bendiga!

Vem, recosta aqui neste peito e descansas-me-te.
Conta-me com teu silêncio, as tuas andanças,
Anseio de alma escrever em desenho tuas linhas!

Põe tua história no meu tempo!
Despeja teu passo no meu desmerecimento
(Por sois mais e eu menos)

Vem morar no meu óbvio:
Cerrado aberto retorcido de amanhã
Passado marcado de futuro
Presente e-vidente de olhos castanho-terra místicos...
Lindos!

Aqueles que sentem a natureza do quadro antes da informação
Aqueles que sabem da razão das texturas antes da moldura
Aqueles inter-li-gentes de tela transitando parede-alma
Conto sem contos em fadas verdejantes e transcendentes!
Olhos castanhos-querentes!

Óhh fica!
Preciso tanto de ti, meu gentil portal da eternidade.

Sei que me olhas quando eu te olho
Sei da verdade que construímos juntos nestes momentos
Verdade esta que o mundo tanto precisa!

Eu te olho porque sois íntegro, digno, correto
Te olho porque em ti ouço os acordes da justiça
Música qu'esta orquestra-humanidade que vive em mim
toca até à fadiga e relutante exaustão!

Te olho porque tu aprendes dos gatos a cheirar cada detalhe da vida
Não deixando as coisas mais grandiosas, porque pequenas, escaparem!

Óhh sim eu te olho, olhos falantes!
Te olho porque sei que tu me salvas
Te olho porque filtras minha natureza de todo o mal
Te olho com os olhos sedentos de minha pele, do meu respirar, da minha latência
Te olho porque tornas-me viva, presente, chama!

Me chamas... escuto quente o fogo do teu ser
Incandescendo minha matéria bruta e tornando-a leve, fluída, gasosa, plumante, dançante, voante, variante, instante!

Sou TODA no pouco do muito que me dás
Tens pleni-ficado me!

E é neste serEstado de paz
Na serenidade deste porto-caz
Que minha liberdade quer morar
Em todos os dias desta vida desprovida de porquês
Pra viajar na aventura-resposta-beleza exuberante e extasiante desta energia-sonho que emana do nosso encontro...

Ahhh religa-me vida que pousaste linda em minha vida!
Religa-me pra todo o sempre.
PleniFICA-te-me de nós!
Prenda-me pra sempre em teus braços!
Fica.

Ju Ponciri, 23/04/2011, às 19:54.

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