segunda-feira, 19 de abril de 2010

RESTA

E eu com tua voz escondida no inconsciente
Te perseguia nas canções inabitadas de meus vazios
Nos silêncios eloqüentes de meditações necessárias
Na transcendência das coisas que vivem em mim e que buscam teu nome
Eu te buscava na ausência das palavras
- Momentos de não-eu -
Eu te exaltava no meu canto, no meu pranto, no meu tanto
E ainda assim você nunca sobrava
Você faltava como uma falta de ar
- minha flauta de ar –
Harmonia plena vivida de nada
Distante de qualquer coisa alcançável...
Eu não sei dizer teu nome
E nem porque me habitas
Mas me invades e és sublime, latente, expansivo
És minha poesia
Eu não te entendo, e, não me desentendo por tal fato
Sou feliz no mistério
E o ininteligível também pode ser pleno
Sei que me contradigo ao dizer isso sendo eu assim demasiado racional
Mas o teu brilho não ofusca nada em mim
E vai além fazendo-me luzir saudades
Acho que tenho fome de ti
- Como numa pausa de domingo –
Suponho que preciso-te dentro a mim
Suave, pero não menos voraz
Clarinete, pero não menos intenso
Fogo, pero não menos água
Susto, pero não menos calma
Riso, pero não menos lágrima
Deserto, pero não menos chuva
Inverno, pero não menos sol.
Venha-me como outono e outorga tua lei em mim
Estou pronta pro gozo
Este é meu pedido de casamento:
Me faz vida com tua vida em mim.

Juliana Ponciri, 19 de abril de 2010.

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