sexta-feira, 3 de junho de 2011

Di-vagação

“Here in my night, i see the sun.” (LeAnn Rimes)

Onde? Olhos de Tango? Os meus??
Então ouses tirar-me para bailar!

Já verás o quão desastrosos são meus passos
O quanto tropeço em meu próprio tempo,
Em descompassada e astuta e louca salsa
Como posso eu ser teu tango?

Intensa! Olhos sem boca que te acompanha nas paisagens...
Mas, que dança é a tua? Conseguirei eu teu ritmo?

Tu, metrônomo, senhor dos ritmos e melodias
Acercas-te a mim despido e fácil e saliente e... me captas!
Eu: duplo ar, fácil assoprar e fazer de música!
Abarcas minhas sutilezas e, de natural, me desprendes!

Conhecedor de meus ruídos mais íntimos
Ouves os ecos de meu espírito os quais não alcanço
Eu: bicho-ouvidos apreensivo e assustado
Reluto em dar os primeiros passos
Nada sei do que sabes, e... quem controla sou eu! (rs)

Eu: coruja-ouvidos, leve te observo, te sondo, te assisto:
Em minhas pupilas-labirintos os espasmos de tua voz pulsante:
Vida! Vida! Vida!

Eu, em minha semi-vida, te ouço, te sinto, te toco, te vejo, te pulso, te sou!
Desfruto sublime o tempo do paraíso no teu riso
E quase que me verto em instrumentista fluindo pluma
No gozo dos acordes dormidos de tuas pausas!

Teu silenciar... abraços de nuvem que acalanta
Minha criança-ouvido-de-dentro que espera a vó vir contar-lhe histórias
Quietude-delícia-aconchego de quem apreende cada palavra
Em dengo de riso-interno e harmonia-paz que nina
Que se deleita melodiosa de carinho, de sonho, de imaginação!

Mas eis que de repente o curiango berra
(Ele só voa com os com os pés no chão)
Noturna lua minha que é terra
Acorda-me de realidade (e me cega)
Ofusca-me-te na lucidez sábia de seu clarão!

Volto para o “entre” de onde saí
Divisão interminável de não-eus.

Vou. Sigo. Além. Pesando. Dosando. Poréns...
Corda-bamba dos ciclos-rizomas de minha matéria primeira...

Vou. Passante. Caminhante. Eu.
Equilibrando mundos no ventre de minha solidão-adeus.

Juliana Ponciri, 03-06-2011.

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