sábado, 19 de junho de 2010

Fantamas da Madrugada

"Quem me leva meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
quem me diz onde e a estrada?" (Pedro Abrunhosa)


03:20 de um dia qualquer desta vida.
Pessoas transitam por mim... quantas!
Todas tão iguais: na mesma cor, no mesmo ritmo, no mesmo discurso.
Sim Renato Russo, é pois "sempre mais do mesmo"...
E me sobra o tédio, o vácuo, o caminho a esmo.

Eu não consigo rir do que não conheço.
E os rotúlos sufocam-me: "levo a vida a sério demais!"

Estamos vivendo em tempos perigosos
Há que se ter cautela e respeito nas relações.
A era do imediATO (in-medi-ato, no meio do ato)
e sempre mediado...
de tanto pseudo valor, tanta pseudo anarquia, tanta pseudo liberdade...
é no caminho do ato que todos ficam presos
imersos na pronta, oportunista e voluntária solução-ilusão
tão prática de que se chegou a algum lugar
paleativo-anestésico tão necessário dos dias atuais
sonífero-paraíso vendido em lojas virtuais
pão e circo pós-moderno
garantia de "todos iguais"
igualdade garantida pela lei do carnaval
hay de ti se fugires à esta lógica!
o poder te perseguirá e não o deixará mais dormir.
e você cái no mesmo lugar dos outros:
A PSEUDO-VIDA.
E morre na praia tentando evoluir para o REAL.

Ninguém escapa à torrente que move o mundo
vulto incansável a assombrar nossas noites...
E vez ou outra você se entorpece para não cair no abismo da loucura
Sim, a realidade enlouquece os seres racionais
Ahí a gente cria cultura, símbolos e signos
Para garantir a "ordem, harmonia e equilíbrio"
Ahí a gente cria a arte
Para garantir o gritar selvagem de boas doses de lirismo
e a gente chama a isso arte e acha bonito e aplaude
pq sabemos que o espetáculo acaba quando a luz se apaga
No fundo todos sentimo-nos aliviados pela "segurança" da ordem
Nos permitimos o breve movimento das artes
para dizer ao Cosmo que aprendemos que equilíbrio também nasce do caos
(risos)

E a gente finge que ousou chegar ao caos
e a gente finge que vive no cosmo
e a vida é uma anedota que contamos a nós mesmos.
porque nunca se é inferno e nunca se é céu
não que tenhamos passado verdadeiramente por eles
para finalmente conseguir a sinfonia Yin-Yang,
Mas a gente faz teatro,
e a gente dramatiza a vida e projeta
e a gente finge que EXPERIMENTOU
mas todos sabemos que ainda estamos no in-medi-ato
no espaço ENTRE
ali no lugar da não-ação
mas como somos criativos, inventivos e joueres
a gente se contenta ahí com este "lugar seguro"
onde inclusive a gente finge que TRANSITA.
Na verdade penso que o trânsito do horário de pico das grandes metrópoles
é uma metáfora bem precisa deste lugar-estado
você é o motorista:
sozinho em um carro, parado e olhando o movimento do mundo.
movimento este também um tanto quanto engasgado...
chamam de ENGARRAFAMENTO.
se você está no lado de dentro é um licor
e se está do lado de fora é rótulo
mas como sabemos que a garrafa é você
e que não importa a mensagem que traga dentro
a maré sempre vai te levar
só te resta DEIXAR-SE BOIAR
e a expressão popular que se encaixa perfeitamente em você
que está "boiando" às margens da própria vida.

Eu não durmo.
Rio vez ou outra.
Não sou azeda ou amarga.
Sou sensível e doce.
Sou forte dentro de uma fragilidade não permitida.
Porque sou subversiva.

E eu sei que ninguém se importa com nenhuma de minhas palavras:
caladas ou proferidas.
Cada linha é dedicada ao meu universo paralelo...
A utopia de que citou um amigo
julgando-se ridículo e desconfortável
por proferir romantismos desusados
enquanto separava, "ordenava" e engavetava conceitos de mundo e pessoas.
óh sim meu caro amigo
todos somos ridículos e sonhadores
jogamos para fora nossos fantasmas, dúvidas e angústias
para unicamente voltarmos mais inteiros a nós mesmos...
porque só consegue dança aquele que se movimenta
e isso é vida. E independe de outros.

Juliana Ponciri, 20/06/2010, 04:18 tic tic tic
e o cursor ainda cursa...

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