segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Das vacilâncias do Espírito

"Repousa, espírito confuso! Nosso tempo está desnorteado.
Maldita a sina que me fez nascer um dia pra consertá-lo!" (Hamlet)



Ah tuas dores! Não sei lhe dar com esta vastidão de não-eu
ela se instaura nos âmbitos mais ínfimos do meu ser
e vai acumulando vontades, segredos, paisagens não vividas.

Diz-se que o sonhar causa estes danos
Mas como posso eu respirar sem sonho?
Como posso acordar sem sol?

Ai valente signo de ar cansado das labutas da vida...
Ergue pois esta cabeça e começa denovo
Teu novo ano, teu novo tempo, teu novo lugar.

Fazem chacota do que ofereces de melhor...
Não. Eles não sabem bravíssimo ar
Das possibilidades que só a ti o mundo conferiu.

Acalma-te espírito de amor
Tudo foi mentira: criação de tua carência criativa.
Você não reencontrou abrigo, e sim criou teu próprio cativeiro.

Foste tu vítima da sandisse desgovernada dos dias
Da loucura de desesperar na esperança
Que afeta até os mais brilhantes cérebros.

Não te rendas assim tão fácil
Repara na sabedoria que os anos lhe deram
Ouça ao longe o canto dos pássaros.

Não te entregues às fraquezas de uma natureza viciosa
Se lágrimas vieram, convide-as para lhe banhar
Precisas sim lavar-te das ilusões as quais te apegaste.

Sereniza tua mente, bravo ar
Abranda teu passo, tua vida, teu desejo de todo dia
Trabalha e caminha, você ainda se achará.

Juliana Ponciri, 17 de janeiro de 2011.

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