quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cinza

Verbos fósseis e saudades sobressaltam a pálpebra seca dos dias
suaves nuvens divaguam-me junto à elas
me vou por entre 7 mil seres plasmada em 7 mil mares...
e eu só queria uma cítara no coração da noite:
tua voz a dizer macia meu nome pr'eu viver mais.

Vezes calo por ausência de mim
transposição das coisas que existem e que não as posso
viver na existência delas é meu martírio
sou tudo quanto não é possível
sou a impossividade dos séculos pele
tantos metros de poros que ecoam vertigens passadas
sou o humano que calou...
e que inda cala.
calafrios, mornos e quentes.
calares que quizás nunca edificarão sermentes.
infertilidade de ser
vou ficando, por isso metade
uma me segue, outra me fica
e somente inteiro se edifica.

Que nadas me aguardam no próximo ato?
que pode ser mais vazio que este desfile de máscaras vazias?
desabitude secular... secangular! sem lar...
aridamente inóspito carnaval!
Por Deus três! quão me sinto só!
Se até Tu precisaste de uma parte humana
dize-me se te posso representar sozinha?
triplifica-me senhor!
tem dias (e noites) que não me posso mais!

Te silencio nas dívidas de mim.


Juliana Ponciri, 03 de novembro do ano de 2010 em qualquer esfera rondante do planeta! voante, divagante, constante e... não menos viciosa e viciante... como uma bolha de ar.

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