segunda-feira, 26 de julho de 2010

Embaçada lente de Freud

Ando tão saturada desta herança Freudiana...
Como diria o João Grilo, saudoso personagem de Suassuna,
Ele só pode ter sido filho de chocadeira! (risos)
Porque em tudo o pensamento dele é machista...
Por isso encaixa como uma luva para o imaginário de nossa sociedade patriarcal.

Eu estava lendo tempos atrás sua biografia,
Relatos retratam que ele sentia repúdio e pavor de sua mãe
E falam em complexo de Édipo e coisas do tipo...
Segundo consta, ele interrompeu a atividade sexual muito cedo em sua vida
por não suportar mulheres...
Uma espécie de celibato forçado (e bem forçoso, a meu ver).

Não bastasse-nos esta herança falocêntrica
Onde a vivência sexual é tomada por causa e não mera consequência
Além de toda esta onda da sociedade cujo materialismo é solipsista, unilateral, voluntarista, contrariando toda e qualquer dialética
Ainda enfrentamos a contradição subjacente do medo e do desafio do auto-conhecimento.

Destas portas e passagens trancadas a nós mesmos
resulta o embate de contradições dilacerantes:
Uma luta entre uma vocação ontológica sensível
e a construção social dos pseudo-valores sexualizantes
(e não verdadeiramente sexuais).

Ora, a abertura para o outro
há de ser antes uma abertura para si e para o cosmo.
É doentio jogar no outro a projeção de teu centro
Abertura e desprendimento não é isso!
Por um lado até entende-se, pois o centro do homem ocidental é na cabeça...
Mas é preciso assumir outra postura, nadar contra a corrente do sistema
Sair da roda-gigante viciada desta reificação homérica que o tempo impõe...

Noto, e para meu espanto, muito recorrentemente
Como determinados hábitos contemporâneos são tomados como normais
As pessoas põe sua melhor roupa e "vão para a night caçar"
E como alguém que vai a uma loja de CD e escolhe ouvir algo para relaxar
As 'vítimas' são escolhidas...
Não! As pessoas podem até ser um "meio"
mas são antes de tudo um fim em si mesmas
Vítimas são os sujeitos caçantes e suas caças
Vítimas desta anestesia dos dias
Desta falta de wake up, de enxergar poesia nos dias, de estesia, de sinestesia, enfim, de sensibilização
Porque conscientes do fazem todos são.

Coisifica-se pessoas e humanizam-se coisas...
O mundo está mesmo fora dos eixos meu Deus!
Como alçar equilíbrio???
Filhos de Descartes, leva-se tudo aos extremos
Sim, por isso vivemos a Era dos Extremos meu caro Hobsbawm,
Não há igual e transcendente distribuição de energia para a compreensão do eixo como um Todo.
O eixo por aqui é sempre uma meta fora de si...

Ou mudamos essencialmente de paradigmas
Ou estamos fadados ao vazio.
Ao EXTREMO vazio!
E não mais adiantarão anti-depressivos...

Sim, meu lindo Buda, é preciso DESPERTAR!
A sensibilidade está adormecida nos homens
E eles falam dela como habilidade desenvolvida pelos PHD's especializados...
Sim! Aqueles com diplomas ou carimbados em carteira A, B, C, D, E , F, G, H de Homem evoluído!
Especialista em condução de gente...
Mas... condução para onde mesmo?
Ilárias contradições...
Para o abismo sem fim! Queda interminável!
Des-eixo! Não-lugar! Crise de "identidade"!
Para tão somente o solitário, frio e irrizante VAZIO d'alma.
Solidão "inconscientemente", freudianamente, eleita.

Mudemos de paradigmas meus caros,
Saiamos desta corrente viciosa!
Humanizemo-nos! Faz-se urgente!

Juliana Ponciri, 26 de junho de 2010, 06:38

Um comentário: