Onde eu penso reverbera.
Talvez por este fato eu tenha retorno de vida.
Mas no mais, no more.
Anda tudo tão mecânico.
Meu café com leite nem amarga mais:
tenho en-tornado os sabores da vida
que de já tão meus nem os sinto mais.
PERIGO! A mesmificação dos dias arranca-nos da vida!
en-tornar, con-tornar, sem-tornar!
tenho medo da fusão das coisas:
o mundo e tudo vai perdendo a identidade...
Aquele discurso que proclamam lindo
"amor é quando dois se tornam um!"
Tudo con-fusão!
Quando a bíblia diz: "e serão uma só carne"
há que se questionar o sentido de "carne" na bíblia
"e o verbo se fez carne"
ou seja: o espírito se HUMANIZOU.
A identidade espiritual busca a harmonia e o equilíbrio da carne.
Eu definiria amor como estar juntos olhando para a mesma direção.
e não con-fundidos em um mesmo caminho.
Amor e identidade abarcam a diferença.
Os países proclamam em altos brados "a identidade nacional"
que muitas vezes é a supressão de vozes e forças minoritárias.
dizem que todas as cores combinam no escuro
penso então que é um ponto cego o lugar onde se iguala tudo.
fórmulazinha para obter identidade:
junte todas as porções das mais diferentes formas, texturas, sabores
e bata tudo no liquidificador!
leia-se liquidificador o poder hegemônico.
Arre! estou farta de pseudo-identidades!
e de pseudo-amores!
Eu NÃO amo a minha profissão se eu tenho que pensar e agir igual!
Sinto-me arrastada pela avalanche do sistema!
A política de todo amor há de ser a liberdade oras!
como se já não bastasse a repetição insistente
das rotinas do corpo
agora esse pensar unívoco e mecânico de dogmas de Arlequim
melhor, dogmas de Brighella,
querendo farsear a minha vida!
Não acho graça em burlar a mim mesma!
EU GRIIIIIIIIIIIIIITO! NÃAAAAAAAAO!!!
Apenas quero reter o mel de minha vida
enquanto ele me escorre suave por entre os dentes.
Juliana Ponciri, 22/06/2010.
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