segunda-feira, 21 de junho de 2010

Do Gosto dos Dissabores

Onde eu penso reverbera.
Talvez por este fato eu tenha retorno de vida.
Mas no mais, no more.

Anda tudo tão mecânico.
Meu café com leite nem amarga mais:
tenho en-tornado os sabores da vida
que de já tão meus nem os sinto mais.

PERIGO! A mesmificação dos dias arranca-nos da vida!

en-tornar, con-tornar, sem-tornar!
tenho medo da fusão das coisas:
o mundo e tudo vai perdendo a identidade...
Aquele discurso que proclamam lindo
"amor é quando dois se tornam um!"
Tudo con-fusão!
Quando a bíblia diz: "e serão uma só carne"
há que se questionar o sentido de "carne" na bíblia
"e o verbo se fez carne"
ou seja: o espírito se HUMANIZOU.
A identidade espiritual busca a harmonia e o equilíbrio da carne.
Eu definiria amor como estar juntos olhando para a mesma direção.
e não con-fundidos em um mesmo caminho.

Amor e identidade abarcam a diferença.
Os países proclamam em altos brados "a identidade nacional"
que muitas vezes é a supressão de vozes e forças minoritárias.
dizem que todas as cores combinam no escuro
penso então que é um ponto cego o lugar onde se iguala tudo.
fórmulazinha para obter identidade:
junte todas as porções das mais diferentes formas, texturas, sabores
e bata tudo no liquidificador!
leia-se liquidificador o poder hegemônico.

Arre! estou farta de pseudo-identidades!
e de pseudo-amores!
Eu NÃO amo a minha profissão se eu tenho que pensar e agir igual!
Sinto-me arrastada pela avalanche do sistema!
A política de todo amor há de ser a liberdade oras!
como se já não bastasse a repetição insistente
das rotinas do corpo
agora esse pensar unívoco e mecânico de dogmas de Arlequim
melhor, dogmas de Brighella,
querendo farsear a minha vida!
Não acho graça em burlar a mim mesma!
EU GRIIIIIIIIIIIIIITO! NÃAAAAAAAAO!!!

Apenas quero reter o mel de minha vida
enquanto ele me escorre suave por entre os dentes.

Juliana Ponciri, 22/06/2010.

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