quarta-feira, 6 de junho de 2012

Libertas fulvo pretiosior auro

A ausência de liberdade é um câncer.
Porque fere os direitos básicos do ser humano:
O de ir e vir
O de respirar
O de ter um lugar ao sol
O de silenciar quando dói
O de gritar quando sufoca
O de tomar seu tempo para melhor fazê-lo
O de ter disciplina para resolver tudo com zelo
O de deixar fluxo respiratório de futuro para melhor se vivê-lo.

A ausência de liberdade é um nódulo que vai crescendo:
Se instala sem que você perceba
E vai te matando aos poucos
De stress, de tédio, de falta de escolhas
Vai consumindo de ti o melhor da tua juventude
Se alimenta do teu cansaço, do teu suor, do teu esforço
A ausência de liberdade fede a esgoto
Tanto melhor que não se bata sol lá!
Please, abafa o caso, o acaso, o sonho!

A ausência de liberdade é um vírus:
Te vigia e te cerca por todas as entradas
Espera o momento de tua distração
E te faz de caça
Te vitimiza de maneira certeira
E nem disfarça a falta de pudor
Hostil, ainda atinge aos teus!

Shakespeare dizia que "a liberdade dos grandes deve ser vigiada"
Mas e eu que sempre tive vertigem à megalomanias?
Por que é que não posso sequer ver o por do sol ali na esquina
Sem que isso gere argumentos?
Por que as minhas onomatopeias assustam?
Por que se metem até com o meu cabelo?
Por que falam do meu riso?
Por que falam do meu silêncio?
Por que tanto julgam?
Por que acham que pensam?

Você é uma massa que ocupa lugar no espaço
Ninguém questiona porque uma árvore nasceu em determinado lugar...
E ainda que você viva para gerar harmonia, sombra e paz
O mundo te poda, porque o mundo 'pode mais'.

domingo, 8 de abril de 2012

E daí?

E daí que os rostos sejam lindos?
E daí que os bolsos sejam fartos?
E daí que os cérebros se exaltam?
E daí que te façam ri?
E daí?

Quero mais é paz de espírito
Uma promessa de futuro
Um olho com brilho
Carinho e respeito mútuo

Quero mais é cafuné e denguinho
Uma mensagem que cala
Uma massagem que fala
Respiração acelerada a desmilinguir

Quero mais é toque que liberta
Voz que te dorme e te desperta
Abraço que te suaviza o existir

Quero mais é compromisso c'os valores nobres da humanidade
Radical fidelidade!
Construí o outro e deixar-se construir!

Lutar junto, sonhar junto, fazer cada qual seu insistir!

Se isso for quimera
Só me acorde n'outra esfera
A vida sempre será assim simples e maior pra mim.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Unidade

Vontade de evolução presa n'alma...
Por que fiquei presa a este tempo Senhor?
Por que todos vão e eu fico?
E porque ouço o som da paz de quem lá está?

Me tira deste ENTRE pr'eu respirar, please.
Quero entrar, entrAR, entrAR! Trans-ceder de tudo, de todos, de mim!

Mil torturas para enfrentar
lutar com a natureza que me limita
L'imitar os impulsos aos quais pertenço
E des-pertencer o que que sou e para quê vim...

Vendaval de mins em lençóis
Uiva tudo quanto não cabe aqui
Calar a voz deste vento que murmura de e para mim
Tudo que é de Ti me seduz
Então não habite o que não posso possuir pois!

Por que coños me puseste n'alma esta humanidade hã?
Por que tenho desejos de posse?
Não me criaste pois para ser livre e livre fazer?
Se minha vocação é a liberdade
Por que me puseste nas veias o desejo de ter?
Por que quero penetrar, consumir, deleitar, outroser?
Por que quero tocar, transpassar, mesclar, fundir?

Eu estou verdadeiramente CANSADA de desexistir!
Desisto de tudo quanto me incitas para parar na primeira estação!
Meu além-mar quer trans-bordAR!
Respirar, respirar, respirar!

Libera-me os cárceres pois!
Livrai-me das correntes e ata-duras desta esfera de vida
Dê-me o bilhete que dá direito a viajar nos ombros dos pássaros
E alçar os horizontes que me fazes ver
Aos quais de saudades me tenho consumido

Dá-me direito ao leito, ao peito, à paz de espírito
Confronta-me de confortos e confiança
Re-nutra pois minh'esperança
Co-exista chama de meu existir

Te sejas em mim radicalmente
E não te sejas em nada que me barras
Ou quebrarei todas as vidraças
para alcançar teus braços

Sou criança rebelde e mimada que só acalma em teu colo
Movo montanhas, quebro açoites, cruzo riachos e córregos
Eu até parto laços, perco-me e pereço em passos
Desmembro órgãos e músculos de ti-mins

Não me importa o que eu faça e que fica
Se no final da estrada terei teu regaço
Deixo aqui sangue, suor e vida
Pois só em ti, Amor, renasço.

domingo, 18 de março de 2012

Emptiness

So many times I've been falling and falling out of the reins of logic
Spanking of my lonelyness
Assuming I could be must nobler and stronger than the reason
Believing in the power of my truth...
But the truth is: life is not easy!

I was losing myself and losing my step when I met you
And now all I have is the waltz of my silence
Beating morbidly in my emptiness, in my holeness, in my uncommunicateness...

Maybe I never had before the 'control'
And everything was just wishful and sweet illusion
A gentle lie that I told to myself
To comfort the pain of the days...

Now the candy and sweet honey become bitter in my mouth and in my soul
And I feel that I never will find my faith again...
I put my disire and my spirit to the test
well, I'm leanning my lesson...

But the sun shines out side
And I must learn to fly again!

Óhhh sovereign spirit of the light
Tell me what I should do
Return the hot wind into my lungs and my veins
Blow on my wings a new sing
Cause I want to fly again
I must to fly alone again!

Amen.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

PRA ME FAZER TE AMAR

Pra me fazer te amar terá de gostar de poesia. Não de poesia escrita ou falada, mas de poesia vivida:

Tem que se aproximar com verdade, sinceridade e ternura no olhar;

Tem que ter um caráter radicalmente ético e justo, pensar no social como uno, e que esta unidade começa em ti;

Tem que ter paixão e solidariedade por velhos, crianças, bichos e natureza. E que os olhos brilhem de admiração e respeito por isso;

Tem que ter humildade, querer saber sempre mais e melhor. Reconhecer que cada dia, hora, minuto é novo e que, portanto, nunca estamos prontos, formados ou preparados;

Tem que querer conhecer outras línguas e culturas, e aprender da diferença a tolerância, do alter o igual, do trânsito a identidade. E entender que a vida é mais dinâmica do que o calendário faz parecer;

Tem que sentir atração pelos mistérios da vida, sentir o transcendente em cada detalhe simbólico, e chamar isso de Deus;

Tem que gostar de preguiça, de ouvir chuva, de canto de pássaro ou mesmo de grilo, e de ler um livro;

Tem que apreciar os domingos em família e com os amigos. E entender o valor e a importância destes momentos pacatos, divertidos e relaxantes para oxigenar uma semana corrida;

Tem que buscar a simplicidade. Sonhar grande e alto sem deixar de valorizar o ínfimo;

Tem que gostar de olho no olho, de mão na mão, coração no coração, respiração na respiração;

Tem que demonstrar atenção e carinho, seja no toque da pele ou no do celular;

Tem que se inquietar com o ininteligível e, por isso gostar de metafísica e filosofia;

Tem que ter sensibilidade em perceber a hora de falar, de calar ou de ouvir, de estar presente ou se ausentar, de ficar ou de fugir;

Tem que ter abertura e entrega para a dança, seja na chuva, no vento, no salão ou no pensamento. O importante é saber se permitir ser tomado pela musicalidade da vida;

Tem que gostar de diálogo, de entendimento maturo. E ter suavidade nisso.

Tem que gostar de trocar riso fácil: seja pela piada, pela flatulência, o filme besteirol, a cueca vestida às pressas ao avesso, ou o chulé do dia cansado;

Tem que gostar de ser humano, e buscar o divino disso;

Tem que ser companheiro e cúmplice, achar o mau hálito pela manhã romântico, entender que é normal ter remela no olho quando acorda, ter catarro com gripe, a mulher ter espinha quando menstruada, e achar tudo fofo por saber que a vida cotidiana tem seus rituais de passagem;

Tem que ter um sonho, uma meta, um objetivo. E ter garra, coragem e determinação para se focar neste projeto. E querer dividir isso, querer ter alguém para somar força, esforços e reforços para a construção do mesmo. E gostar do olhar orgulhoso do outro como partícipe em cada etapa conquistada;

Tem que, enfim, gostar de se sentir vivo e viver como uma oração aberta agradecendo respirante e intensamente cada oportunidade, cada pulso, cada gesto, cada amanhecer, anoitecer, florescer, cada um de todos os verbos diários que se abrem para que os façamos carne.


A criação continua em nós. Carregamos no gene e na história o potencial ilimitado para a possibilidade. Para me fazer te amar, tem que entender, ou ao menos aceitar, a dimensão INFINITA de tudo o que acabou de ser lido.