sábado, 10 de dezembro de 2011

Des(h)orar

As horas me torturam

Ansiedade?
Mas ânsia de quê?

Tudo 'mais do mesmo'...
Os afetos não me afetam.

Tropeço em palavras, me atrapalho em textos
Subjetividades que esbarro neste labirinto escuro de me encontrar...

Temor das coisas que chocamos e que nos chocam e que não se pode controlar
Misto de sonho, de medo, de des-esperar.

Estado de susto, estou estranha.
Coração parecendo bomba-relógio que explodirá a qualquer momento
Ebulindo. Efervescendo. Acelerando. Aquecendo.
Bombando sangue de maneira desgovernada.

Sangue louco, ar louco, disparate de vida re-oxigenada
Maria-fumaça apitando, caos que se agita
Panela-de-pressão pressionando minhas células, agonia
Tambor-de-Olodum na Bahia, taquicardia.

Bolsa-de-valores, falatório de mil silêncios adormecidos então acordados
O olho holográfico do redemoinho que tudo vê...

Asia, gastricia, náusea.

O ser humano dá vida e dá morte a si mesmo...
Insubestimável capacidade de auto-destroção!

Como alguém consegue acoplar, fundir, condensar tanta intensidade em algumas horas de espera?
É preciso se monitorar, respirar!

Meditar ao invés de pré-meditar.

Se vive onde se não pensa?
Se flui onde a vida é tensa?
Só se alonga a existência quando ela se des-contrai?

Dai-me pois uma tarde de brisa suave
E uns goles de sorriso leve.

Brindemos a paz, pois a vida é breve.

De muito futuro, se morre de não-presente.
Seja e esteja. Apenas.

O mais? Será quando seja.