sábado, 11 de junho de 2011

Órfãos Siameses

Falantes dos cristais de Deus
Vamos nós músicos do universo
bailando alegres e saltitantes como leves harpas voadoras
ao encontro de nós com nós mesmos.

Tu, que deposita em mim a (co)fiança de tuas horas
Eu, a escolhida para ganhar o melhor de ti
Aquela a quem pegas na mão e faz conhecer o que vês:
Teus rios, niños, velhos, ruas, flores, pores-do-sol...

Eu, quem tu elegeste para pupila e igual professora
Ouvidos-vivendo, toque-sendo, vida-acontecendo
Nosso ciao-estando que nunca termina
Nossa vida-amando que Deus humaniza
Nossos calares na noite que o relógio eterniza

Até hoje é sempre o nosso dia
Dialogagem que antevém o verbo
Verboragem que transpõe os tempos
Temporagem que de infinitos, infinita é.
Serestado de adormecer-acordado, paz infinda.

Irmanados do ventre primeiro
o nosso lugar é todo nosso
de ninguém mais
nós o deixamos lá quando fugimos do paraíso ainda crianças,
e nossos nomes estão escritos nas árvores de lá
as mais recorrentes são os sândalos
Que nos perfumam quando lembramos de lá
Nostálgico olor de infância não perdida!

Apesar de sentirmos imensa saudade de onde nunca voltaremos
Temos este medinho tolo do que ainda não vivemos
Maturamos, mas não o suficiente para encarar nos olhos abismais do futuro
Ainda piscamos de medo e de suor deste senhor de cabelos brancos e de sorriso sempre aberto
vestido de palco sem chão, disforme, nuvem de mansidão espalhada
Abraço-passagem: portal do novo.

só sei que nos requeremos porque sabemo-nos passageiros
De tudo! De passagens e labirintos e axiomas sem fim
Aos quais nunca tocaremos
Passarinheiros de ninhos móveis:
Ligeiros, mortais, efêmeros.

E de amor, passamos a rasteira na idade, nos problemas, nos nãos
E de lúdicos, vamos tapeando e entretendo nossa brevidade...
Enquanto sorrateiramente adentramos a eternidade com nossa astúcia.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Das mentiras que contamos a nós mesmos

(A vantagem do homem em relação aos anjos é viver para aperfeiçoar-se)

E o destino vem brincalhão e faz-te parar:
E ante a ti a pessoa que encerra todo teu conceito de belo
Aquele que aprendeste quando criança
Quando tu olhas os passarinhos, danças na chuva,
Beliscas o irmão ou amigo mais novo só para dizer-lhe especial

Tudo fica diferente, sóbrio, feliz, irmanado
Pela sinfonia desta identificação de vozes ante ao imenso coro universal...
Vocês sabem-se notas da mesma partitura
Se ouvem naturalmente e acoplam seus sentidos à mesma música
Compondo no mesmo tom acordes que se acordam unívocos
E que, interpondo-se uns nos outros, despertos, se complementam
E harmonizam o espaço-tempo do ser vivendo
Energia que espalha brisa e paz e calma a tudo tudo quanto os cerca.

Inegável fenômeno que irmana
Posses que despossuídas se identificam oriundas do mesmo cerne
Momento mágico, tenro, precioso, belo, sublime
Onde almas não precisam de rascunho para dialogarem
Chaves que antepõe a comunicação lógica
Complementos livres da coisa mesma que se encaixam
Imediatitude que jaz e que é em sua forma mais pura e plena
Como uma faixa cor de luz celeste que perdida no cosmo reconhece seu lugar
E que, pousada no arco-íris agora completo, se sente parte
Abraço de graça-música de onde nunca mais se quer sair.

Então se pensa em gozo e riso interno:
“Ah! Que ternura falante! A perfeição existe e acabei de descobri-la!”
E te sentes engrenagem especial da máquina vida
E re-conheces teu lugar no mundo
Co(n)-jugando-se presente-mais-que-perfeito
Verbo cósmico plenificando-se em todas as dimensões de tua carne!

Mas eis que tua humanidade te cobra lugar
E, mergulhado no mais profundo senti(n)do humano,
Divinizando-se pois por assim pleno,
Falta-lhe a coisa inacabada
E tu pensas: “Ainda não aprendi a viver.”

E não aceitas a felicidade que lhe é dada gratuita
Presente presente dos deuses
Tu, co-criador da criação primeira
Livre partícipe da construção maior
Te inquietas e te faltas a ti mesmo...

E de não-ser vais-te ausentando lenta-mente
E te remetes de olhar longínquo ao teu pretérito imperfeito
E de modo conjuntivo caminhas sozinho ao encontro de teus ex-nadas
E uma doçura-saudade te tomas ali e... já não mais estás...

Aprende-se muito cedo que dois perfeitos não se beijam
Que a perfeição co(n)junta se forma pela união de imperfeitos
É o diferente que a alma busca para compor harmônica sua paisagem
Contraste final que pleni-fica o belo na vida...
O radiante-sorridente ipê amarelo no expressivo cerrado brasiliense!

Di-vagação

“Here in my night, i see the sun.” (LeAnn Rimes)

Onde? Olhos de Tango? Os meus??
Então ouses tirar-me para bailar!

Já verás o quão desastrosos são meus passos
O quanto tropeço em meu próprio tempo,
Em descompassada e astuta e louca salsa
Como posso eu ser teu tango?

Intensa! Olhos sem boca que te acompanha nas paisagens...
Mas, que dança é a tua? Conseguirei eu teu ritmo?

Tu, metrônomo, senhor dos ritmos e melodias
Acercas-te a mim despido e fácil e saliente e... me captas!
Eu: duplo ar, fácil assoprar e fazer de música!
Abarcas minhas sutilezas e, de natural, me desprendes!

Conhecedor de meus ruídos mais íntimos
Ouves os ecos de meu espírito os quais não alcanço
Eu: bicho-ouvidos apreensivo e assustado
Reluto em dar os primeiros passos
Nada sei do que sabes, e... quem controla sou eu! (rs)

Eu: coruja-ouvidos, leve te observo, te sondo, te assisto:
Em minhas pupilas-labirintos os espasmos de tua voz pulsante:
Vida! Vida! Vida!

Eu, em minha semi-vida, te ouço, te sinto, te toco, te vejo, te pulso, te sou!
Desfruto sublime o tempo do paraíso no teu riso
E quase que me verto em instrumentista fluindo pluma
No gozo dos acordes dormidos de tuas pausas!

Teu silenciar... abraços de nuvem que acalanta
Minha criança-ouvido-de-dentro que espera a vó vir contar-lhe histórias
Quietude-delícia-aconchego de quem apreende cada palavra
Em dengo de riso-interno e harmonia-paz que nina
Que se deleita melodiosa de carinho, de sonho, de imaginação!

Mas eis que de repente o curiango berra
(Ele só voa com os com os pés no chão)
Noturna lua minha que é terra
Acorda-me de realidade (e me cega)
Ofusca-me-te na lucidez sábia de seu clarão!

Volto para o “entre” de onde saí
Divisão interminável de não-eus.

Vou. Sigo. Além. Pesando. Dosando. Poréns...
Corda-bamba dos ciclos-rizomas de minha matéria primeira...

Vou. Passante. Caminhante. Eu.
Equilibrando mundos no ventre de minha solidão-adeus.

Juliana Ponciri, 03-06-2011.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Re-nacer

¿Y por que me gusta oirte?

Mientras habladme, estás ahí tranquilo
Pero tus pasos resuenan en mi corazón
Y en el mismo pulso
Tu verdad camina hacía a mí
Música que a los diosis hace reír

Tu: rayo de luz que roza mi face
Cariño de brisa que llega de tarde
Vida llena de los sueños que arden

En vilo, siempre te acercas
Tus tercas ganas gritandome hacía el espíritu
Y en la sed que del alma se precipita
Tu viene cargado de anhelos y infinitos

La soledad que aprieta el corazón roto
Y la agonía de tus errones torvos
Añandense a una esperanza ultima
Te haciendo gruñir como un cuervo

Y tu penetras mi ser como un vuelo de mil angeles
Sembrando paz hacía mi ventre
Cubriendome con la miel de tu verdad
Que resbala la vitoria sobre la mente

Y tumbado a la bartola de ti mismo
Marchitandose de una dulzura niñez callado
Tu sonreí tímido de mansedumbre agotado:
Estrella nacida de mi tiniebla!

Tu: vierbo que conjuzgame en todos los tiempos de este tiempo
Reloj de Dios
Carne trascorpórea, vida trashistória...
Te quiero porque tus ojos resumen todas mis vidas a este ahora.

Juliana Ponciri