segunda-feira, 30 de maio de 2011

Chama-da (...)

Dasein! O telefone toca.
Tu dizes: Sou todo ouvidos!
Contesto yo: No! No te olvides!
Para tenermos presente hay que aprender del pasado!

Tu me conta tuas horas, tua metafísica.
Ondas sonoras me invadem...
Sim, sou toda ouvidos:
aproxima a lente e verás
cada poro meu é micro-ouvido
e se abrem para soar você
Ou pensas que ouvidos não fazem música?
A melhor possível: a pausa, o silêncio.

Meu pulmão-ouvido te inspira
e auscuta tua alma
ele te movimenta o ar-voz em sis bemois
você oxigênio, eu gás carbônico
química harmonia de serestar paz inside us...

Tuas notas-vento me penetram o ser
fazendo sutis movimentos de massagem
Nada posso conter... me tomas!
Tu, música divalgando e devagando-me
Lentamente vou minimizando o ritmo
Me toma nos braços-ouvidos
E no teu abraço-diálogo
Vou cambiando lentamente de
rock selvagem a lírica valsa
cavalgas-me, devagas-me...

Di-fundida em ti
o tempo decorre em sois
(na noite de uma luz-lua magistral)
dó de re-mir este ato em palavras
fa-mi-liar entre os fios de tuas cordas
dont talk about! just feel that!
seguimos nossa dança-pulso vida ousado silêncio
e congruemos os nós de espíritos desprendidos
que conjugam estas sílabas tácteis.

Juliana Ponciri

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eu Rio

Quanto tempo mais leva para a tua boca regressar à minha?
Quantas luas mais terei de suportar sem tua mão encaixada na minha?
Quantas voltas mais a Terra, eu, teremos de dar procurando teu olhar?
Quantas viagens, mapas, e códigos hei de me perder
tentando reencontrar o endereço do teu cheiro-conforto
Este que levei a vida inteira a buscar?

Me diz quem haverá de suprir o teu tenro trono em meu coração?
É todo teu o merecimento do que me impulsa vida!
Que pés hão de ter a textura dos teus?
Que corpo se encaixará tão perfeito no meu?
Que temperatura haverá de sincronizar a minha?
Que tão forte e poderosa energia há de me fazer voar em paz?

Que ouvidos atentos hão de transpor minhas ideias e ideais?
Que doces brincadeiras hão de arrancar meu mais doce sorriso?
Que outros braços hão de dar-me a segurança do teu abraço?
Que outra alma sensível haverá de captar os ângulos do belo
escondido em cada detalhe da minha oscilante aura?
Subjetividade guardada a sete chaves no labirinto de uma vida
que na tua presença é livre e dança criança em sois e sis bemois!

Que delicadeza de traços e gestos hão de dar-me esta certeza?
De estar diante de algo grandioso, terno, puro...
No teu regaço experimento a doce ternura dos anjos
Sublimação de tudo quanto já viveu e vive em mim
Momentos raros e mágicos e plenos...
Saio deslizante e, fluando vou pelos teus pêlos
Passeio sublime em dedos a nobreza de tuas minúcias
Barbas, sobrencelhas, cílios, queixo! (com furinho! ^^)
E fico eternamente acomodada no ajuste perfeito do teu cangote
O cinto de segurança do carro não foi feito pra mim
Mas acoplada às tuas curvas-minhas, nenhum mal pode me atingir
Nada me tira da plenitude êxtase de sentir que te pertenço
Me perco em delírios nos infinitos ínfimos de tuas-minhas formas!

E assim lembrando de ti
Já não fico em mim
A memória de minhas células viajam ao teu encontro
- Já que em mim elas não encontram abrigo -
Tudo quanto pulsa em mim flui naturalmente para ti
Tu ocupas o centro de meus silêncios
A loucura voraz que consome meu entendimento
As ágeis desmesuras acometidas em cada pausa
A fome suscitada, a sede suscitada, a ausência suscitada

Meu corpo sái louco em busca de tua presença
Seu fluxo quer encontrar-te de qualquer maneira, para ser livre
- Liberdade afinal é tudo que minh'alma procura -
Meus pulsos e fluxos querem plenos desaguarem em ti
Tu: mar de sensações e sentidos entendidos unidos unívocos!
Harmonia transcendente!

Tento explicar e me anulo...
Eu? Dona das palavras? Aonde?
Sequer sou dona deste rio que me habita
Não o consigo conter
Ele encontra brechas em mim para vazar ao teu encontro
E nos meus sonhos e distrações
Me molha por baixo, e tão logo por cima
Esticando a sua represa-eu à máxima potência:
Vou alagando-me e alargando-me e alongando-me
Vou dilatando-me e estendendo-me e distendento-me e espalhando-me
Até de extremo eu transbordar!
Descomedimento em que me perco e quase me rasgo, me quebro, me estrago
Fato é que me desconstruo por completo
E tentando conhecer-te, me desconheço...
Tu: mistério tão claro e tranquilo em meditações
E tão obscuro e medonho em oscilações...

Cisma

Madrugada. Grilhos. Frio. Vazio.
Empty, empty, empty...
Empilhados ecos deste silêncio vacilante...

Vida meio morta, metade, meia-vida
Vastidão desterritorializada e ambígua
Nadas elevados à potências de outros nadas: eu.
Música tenebrosa, mistérios do breu.

Passa tudo quanto passa
Versa tudo quanto cala
Cala tudo quanto chora:
Lágrima que inunda dentro e fora...

Escárnio do tempo,
Vou sem nexo ao encontro de ninguém
Meu entendimento é o não ter entendimento
Cega. Meu horizonte é nada.
Como uma total ausência de poesia.

Castigam-me minhas células
E a areia escorre: nas águas, na ampulheta
Desfile sem cor de abismos bossais
Vultos insossos desta pausa mórbida
Cala. Vaga. Saga...

Ah! Como estou farta destas presenças-ausentes!
E destas ausências-presentes!
O tempo da saudade me adotou por intérprete
Vivo à sombra da impossibilidade
Darkness, darkness! No anwsers me invade!

Aonde hei de parar nesta desmesura?
Quantas vidas terei de sacrificar?
Eu, cordeiro de mim, não páro de me sangrar!
Quantas escolhas erradas!
Oferta despojada e despejada na garganta aberta do nada!
Eloi, Eloi, lama sabactani?
Queres que eu faço reviver o que vivo-morto está
Mas e eu? Substraio-o...
Quantas vidas queres que eu recrie?
Ao passo que reinvento aos demais
Vou apagando, borrando, encobrindo meus passos atrás
E quando volto minha cabeça só vejo lentamente sumirem minhas pegadas...

Cheiro de inércia pairando no ar
Como uma ferida que nunca sana, que nunca estanca
Como uma terra sempre na lama
Como lutar uma guerra que nunca finda
Como ter asas que nunca hão de voar...

Odor daquilo que acaba sem começar!
Impossibilidades impostas, algemada vou
Aguentando o odor desta carne inatitude
Vou castrada... sem sexo, sem sonho, sem nada!
Odor de nada, de não-ação! de nulidade!
Fragância incômoda desta câimbra nada, nada e nunca sái da praia
Rasa. Sensação rasa...
E quão profunda eu poderia estar!

Mas para que afinal conhecermos o infinito se nunca se pode alcançá-lo?
O tempo, a ideia, as grades, as vozes congeladas no gene
A possibilidade sempre sibilando estanque
Notas maquinais, melancólicas e repetitivas
Como o incômodo silêncio de um sertão na seca
Retirante! Apreai-vos! Desperta com o despertar!

Matéria, sórdida matéria!
Como transpor obstáculos sozinha?
Ainda que tão forte, intensa e escandalosa a vontade de gritar... me calo
Por proteção. Já me assustei de mim. É sério!
Ao deparar-me só e notar que somente minha voz me responde...
É deveras horripilante a sensação
Arrepia a espinha e o espírito!
Vazio sobre vazio sobre vazio...
Dimensões intáteis que o cérebro nunca alcança...

Quisera eu como a urubórus engolir-me a mim
Quisera vomitar para dentro e fora de mim uma nova era...

Mas sem pés vou disforme pela rua deserta
Antropodesmerecendo-me...
Quando estamos caindo só vemos olhos sem mãos
Punhos cerrados de não conhecer o tato
Cativos de si, amedrontados
Como intencionar a mão de um corpo sem coração?

E ao sabor da queda, minha cabeça rodopia na noite
Chão que nunca chega
Azia, tontura, tortura, vertigem, anestesia!
Paisagens grises e cada vez mais pálidas...

Ah! Meu doce coração! Te aquietes por favor!
Não vês que cair para fora é cilada?
Não vá na onda deste destino maquiavélico!

A solução é cair para dentro de mim
Vai coração! Mergulha no profundo de minh'alma
Seguro que encontrarás algo de bom
Não em minha frágil matéria
Se hospede longe dela, não confies nela!
Pois ela é ingênua, amora e gentil
Está sempre sorridente, solícita e oscilante!
Fácil chamariz dos ímãs de gentis energias
Não vá por aí! Atenção!
Apesar de confortável, também é lugar sem chão!
Caia sim para dentro de meu espírito
Nele algo de ininteligível flamejante e vivo te acolherá
Suaveza de estrelas e córregos
Ali te fertilizarás... Transcenderás.

Aposenta-te ali e promete-me que serás ágil e fiel transeunte
Que me atualizarás das verdades dali
E que toda vez que regresses me farás ver
As improbabilidades do belo que almejo
E que há de permanecer inócuo no mistério
Dos dias cármicos que desfilam minha vida...

Ahh Moiras! Aliviai-me! Trégua! Estou cansada!

sábado, 14 de maio de 2011

Te regalaré esta noche un par de alas

¡Ven! Si tu no sabes volar, ¡Venga!
Cógete mi mano y mírame en los ojos,
Fíjate sin miedo en este acto de transcendencia
Que te voy a regalar un par de alas!

Sé que la vida ha llevado poquito a poco tu plenitud
Pero mientras seguras mis manos-corazón
Cierra tus ojos y concéntrate en el hecho máximo de esta pausa
¿Puedes sentir la oscilación del caliente viento acercándose?
Oiga como marcha despacito de vuelta el hombre mejor que has sido…

Me gustaría hacer amor contigo esta noche,
Para tanto, ábreteme pues tus puertas y ventanas y risa
Ábreteme el calabozo frío que ecoa por tus ojos-nuben
Quiero zambullirme en esto hielo graso a que tu sangre se ha convertido
Y morir en la hipotermia de la nada que tu abrigas
Para resucitar del fuego de mi amor que te llena de azul
Déjate inundar de mi calor que te llama todas las noches!

Atrévete! Y ámame! Atrévete! Y ámese!
...ya verás como sencilla y suave despierta el alma de pájaro que vives en ti...

¡Ven! No tengas miedo! Cógete mi mano!
Que te regalaré esta noche un par de alas.
Te regalaré esta noche, mi par de alas.


Juliana Ponciri

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sedução

Linda e plácida a poesia gemia...
alongando-se escorria como um rio de abril
febril, inerte meu corpo anoitecia
vertendo-se santo no negrume da sua cândida euforia
penetrando nas veredas de meus doze sentidos
sibilava tentativas de caminhos-explosão
dedilhando versos descompassados por rebeldia
ela teimava em me fazer de ninho
poestesia escorrengo lânguida do ventre
tíbia, sussurrava o grunhir vazio oco dos dias:
_Preencha-me! bradava ela
e eu a tentar formas me retorcia
ela gritava: _Põe-te pra fora alma!
e eu de receio a prendia
como um bicho domesticado
e ela oscilava vadia e voraz
e me inquietava de radicalidade
perscrutava-me com seu hálido visceral
como um vampiro com sede de minhas entranhas
e eu lutando jasmins com o olor de sua fome
ela perseguindo-me, espreitando-me como cobra
querendo vitimizar-me para se fazer plena
regugitar-se por meus poros-voz
timbres sedentos, roucos e desonados latiam
no compasso apressado, forte, denso deste tango-eu
salivando em minha carne suas ganas de éter
de amor, de alguém, de sonho
e eu toda posta em cielo
só conseguia responder aguda
goza em mim tua música pro mundo!