sexta-feira, 30 de julho de 2010

Porque holística

Ando tão à pele da flor
Me abro, sorrio, libero perfumes
Sou outono e primavera e...
E nada de vera.

Eu devia ser congelada para estudos virtuais
transformar meus espinhos-poros em circuitos elétricos
quem sabe assim eu falasse a língua dos beija-flores modernos...

Só restou eu de natural neste jardim?
Olho o horizonte e seduzindo-me vou...
irrizando-me e...
perco-me...
Já não me sou.
Sendo eu horizontal só o que é natural responde a mim
Veias oceânicas trazem e levam a onda da vida
Minha supra humanidade lateja na quarta camada da pele
esta que se encontra de fora da epiderme
esta tão táctil, verossímil e acolhedora...
ultra-sensibilidade que marca meu pulsar no mundo
e que a cada encontro registra minhas digitais na Criação
pontas dos dedos expandidas tocando o ar
poros estendidos e potencializados
fundindo meu corpo no corpo do mundo
aqui: torre de Babel pós-fermentação,
homogeneidade, unidade e plenitude que cala
porque maior é a comunicação...

Tudo o que cái neste trânsito tem que significar
seja uma moeda ou uma vida
Eu sou hibridamentecorpo universal
vim das estrelas e a luz que brilha no meu gene
é muito maior que eu
e que meu entendimento.
Como explicar aos robôs modernos
minha natureza cósmica
tão bio-lógica, tão física, tão química, tão quântica?
Para que olhos postos para dentro ou para fora se não podes ver?
Evolução que parou e estagnou no estágio visio-lógico.
Quanta cegueira no mundo!

Vivo de escuro porque a trans-posição de meus olhos faz doer
Co(ns)ciente escuridão...
As janelas se fecham para dentro
inverso desse tão fora pequeno
uni-verso intra-estelar tão luminoso
imensurável luz que me inunda
eu te bebo em alimento
sou oxigênio no corpo do mundo
E de tão leve e fundida
é natural meu vôo
Eu: carne diluída em verbo
verborização vibrando unívoca.
E toda vez que me fecho
o sol que mora em mim
anfitrião que anima a ciranda da vida
convidando à reunião onde comunicação é dança
entusiasta maluquinho! menino peralta!
Não consigo controlar esta criaturinha expansiva e agregadora!
Só quer brincar de luzir! rs
E abraça tudo quanto passar em seu caminho! =.)

E sendo eu toda assim Todo
já não posso ser parte separada.
E eis porque quando não te agregas e dança também,
para ti apenas cintilo.
Sou partícipe da Vida Maior,
Se você não vem junto,
Eu não fico.

Te convido.

Juliana Ponciri, 30/07/2010.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Embaçada lente de Freud

Ando tão saturada desta herança Freudiana...
Como diria o João Grilo, saudoso personagem de Suassuna,
Ele só pode ter sido filho de chocadeira! (risos)
Porque em tudo o pensamento dele é machista...
Por isso encaixa como uma luva para o imaginário de nossa sociedade patriarcal.

Eu estava lendo tempos atrás sua biografia,
Relatos retratam que ele sentia repúdio e pavor de sua mãe
E falam em complexo de Édipo e coisas do tipo...
Segundo consta, ele interrompeu a atividade sexual muito cedo em sua vida
por não suportar mulheres...
Uma espécie de celibato forçado (e bem forçoso, a meu ver).

Não bastasse-nos esta herança falocêntrica
Onde a vivência sexual é tomada por causa e não mera consequência
Além de toda esta onda da sociedade cujo materialismo é solipsista, unilateral, voluntarista, contrariando toda e qualquer dialética
Ainda enfrentamos a contradição subjacente do medo e do desafio do auto-conhecimento.

Destas portas e passagens trancadas a nós mesmos
resulta o embate de contradições dilacerantes:
Uma luta entre uma vocação ontológica sensível
e a construção social dos pseudo-valores sexualizantes
(e não verdadeiramente sexuais).

Ora, a abertura para o outro
há de ser antes uma abertura para si e para o cosmo.
É doentio jogar no outro a projeção de teu centro
Abertura e desprendimento não é isso!
Por um lado até entende-se, pois o centro do homem ocidental é na cabeça...
Mas é preciso assumir outra postura, nadar contra a corrente do sistema
Sair da roda-gigante viciada desta reificação homérica que o tempo impõe...

Noto, e para meu espanto, muito recorrentemente
Como determinados hábitos contemporâneos são tomados como normais
As pessoas põe sua melhor roupa e "vão para a night caçar"
E como alguém que vai a uma loja de CD e escolhe ouvir algo para relaxar
As 'vítimas' são escolhidas...
Não! As pessoas podem até ser um "meio"
mas são antes de tudo um fim em si mesmas
Vítimas são os sujeitos caçantes e suas caças
Vítimas desta anestesia dos dias
Desta falta de wake up, de enxergar poesia nos dias, de estesia, de sinestesia, enfim, de sensibilização
Porque conscientes do fazem todos são.

Coisifica-se pessoas e humanizam-se coisas...
O mundo está mesmo fora dos eixos meu Deus!
Como alçar equilíbrio???
Filhos de Descartes, leva-se tudo aos extremos
Sim, por isso vivemos a Era dos Extremos meu caro Hobsbawm,
Não há igual e transcendente distribuição de energia para a compreensão do eixo como um Todo.
O eixo por aqui é sempre uma meta fora de si...

Ou mudamos essencialmente de paradigmas
Ou estamos fadados ao vazio.
Ao EXTREMO vazio!
E não mais adiantarão anti-depressivos...

Sim, meu lindo Buda, é preciso DESPERTAR!
A sensibilidade está adormecida nos homens
E eles falam dela como habilidade desenvolvida pelos PHD's especializados...
Sim! Aqueles com diplomas ou carimbados em carteira A, B, C, D, E , F, G, H de Homem evoluído!
Especialista em condução de gente...
Mas... condução para onde mesmo?
Ilárias contradições...
Para o abismo sem fim! Queda interminável!
Des-eixo! Não-lugar! Crise de "identidade"!
Para tão somente o solitário, frio e irrizante VAZIO d'alma.
Solidão "inconscientemente", freudianamente, eleita.

Mudemos de paradigmas meus caros,
Saiamos desta corrente viciosa!
Humanizemo-nos! Faz-se urgente!

Juliana Ponciri, 26 de junho de 2010, 06:38

domingo, 18 de julho de 2010

Desforme (kafkando)

Aaaahhh este teu olhar!
Sugando minh'alma tenazmente para dentro do teu lugar...

Teu corpo-lugar tão seu e...meu.
Estando em ti, nada me sobra, nada me sombra
Acima de mim uma luz
Giro em volta a mim e nada se marca no chão...
Diluída. Dilatada. Evaporada.

Se te saio, me saio também.
Instaurado estranhamento!
Des-posse, medo...

Teu abraço, laço seguro.
Momento em que se confirma o é da coisa que apenas é.

Teu elo, corrente que ata meus abismos.

Já vais?
E a corrente?

Foste.
Sentidos dessentidos, desnorteados...

Me jogaram inseticida?
Barata em geografia enlouquecida sou.

Campo descampado
Mapa fervil destampado
Vazando o calor da fervura de meus poros eriçados...

Alma vazando...
des-gelo...
E eu indo...

Meu olhar segue acompanhando-te 
Enquanto gotejo es-vaziando-nos
ping. ping. ping...

Esvou-me... lentamente...
Sólida a líquida...
Gasosa.
Secando, minguando, irrizando... 
Ex-perando.

Juliana Ponciri, 18/07/2010 

sábado, 3 de julho de 2010

De tus ojos

Ayer te besé en los ojos.

Fue la primera vez que he besado ojos.
Generalmente las bocas son hechas para besar.
Pero por tus ojos he cambiado la geografía del cuerpo.

Tus ojos se me llevan el alma...
Mientras te miro, la siento salir
Despacita... volando como un angel al encuentro del cielo.
Mi alma: pájaro sin alas que sólo por tu aire-ojos sabe volar.

Desde que mi alma ha conocido tus ojos
y el extasis de sentirse alada
No marcho más por el suelo
Ni tampoco sé cual fecha figura alrededor del sol
Si cerro mis ojos, sea noche o sea día
Sólo veo estrellas luzindo tu verdad
y haciendo cosquillas coloridas
Color sonrisa
La más bella que hay
Conocida solamente después del arco iris!

Dicen que todo el azul, el verde y más allá
Son colores del mismo arco iris
¿pero que decir de tus ojos?
Tus ojos son oro que subverte todas los colores!
Tesoro grandioso que Dios ha guardado pa los electos... yo.

No sé si merezco tus ojos
Y el alma que sale tras esa luz...
Cuánto fuego generan 
Ya llegas echando leña a mi hoguera!

Si estoy sóla, 
El recuerdo de tus ojitos me abrazan...

Tus ojos de paz... me hacen tanta guerra...
No sé que hago: no duermo, no como, no paro de mirarte
No! si! no! un llevar y traer de ojos...
Los días pelean conmigo
me queren quitar tus ojos
Pero no puedo dejar! y no a dejar!
Sólo existo de verdad cuando estoy en ellos
Sitio tranquilo y ajeno a la maldad
Lejano desde aquí o de cualquier ciudad
Paraiso donde ubican mis sueños...

No. no voy a quitar tus ojos de mí!
hasta que te ciegues del brillo que ellos me llenan...

Y quizás asi te tendré al revés: carne cruda y nueva y lista
Amandome en la oscuridad de ti mismo
- que és donde más se puede ver - .

No. No voy a quitar tus ojos de mí!
Mientras exista, voy a mirarte todos os días!!!

Juliana Ponciri, 03/07/2010.