quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cinza

Verbos fósseis e saudades sobressaltam a pálpebra seca dos dias
suaves nuvens divaguam-me junto à elas
me vou por entre 7 mil seres plasmada em 7 mil mares...
e eu só queria uma cítara no coração da noite:
tua voz a dizer macia meu nome pr'eu viver mais.

Vezes calo por ausência de mim
transposição das coisas que existem e que não as posso
viver na existência delas é meu martírio
sou tudo quanto não é possível
sou a impossividade dos séculos pele
tantos metros de poros que ecoam vertigens passadas
sou o humano que calou...
e que inda cala.
calafrios, mornos e quentes.
calares que quizás nunca edificarão sermentes.
infertilidade de ser
vou ficando, por isso metade
uma me segue, outra me fica
e somente inteiro se edifica.

Que nadas me aguardam no próximo ato?
que pode ser mais vazio que este desfile de máscaras vazias?
desabitude secular... secangular! sem lar...
aridamente inóspito carnaval!
Por Deus três! quão me sinto só!
Se até Tu precisaste de uma parte humana
dize-me se te posso representar sozinha?
triplifica-me senhor!
tem dias (e noites) que não me posso mais!

Te silencio nas dívidas de mim.


Juliana Ponciri, 03 de novembro do ano de 2010 em qualquer esfera rondante do planeta! voante, divagante, constante e... não menos viciosa e viciante... como uma bolha de ar.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um outro sangue é possível

Ah sim! Veja-me pois!
Até eu que busco a soberania da plenitude
estou batendo ponto no tempo e espaço deles...

Presa às grades e edifícios frios do sistema,
calo a poesia que transborda e que procura desesperadamente abrigo.
Ainda guardo cá dentro o poder do sol do passado e do futuro
assim, fazendo suportável o presente.
Este sol é meu fim:
ele me habita com suas paisagens ricas e imensuráveis
de tons que vão do laranja ao azul anil
que, misturando-se à este matiz-carne que sou
explode num arco-íris de vastidão infinita para dentro:
Luz, cor e calor!
sou vida, ainda que morte
sou riso, ainda que corte
sou ternura, ainda que dor
sou nostagia, ainda que realidade
sou esperança, ainda que saudade
sou essência, ainda que espetáculo
sou eco, ainda que buraco
sou poesia, ainda que métrica
sou fé, ainda que cética...

Metida na simbiose hipócrita de suas "normas" e números
vou criando meu meio, minha e tão minha lei marginal
sub-escrita no meu verbo de dentro
E alimentada por este olho paralelo
- necessário estrabismo -
Privilegiado lugar: as margens são mais que torres
daqui se vê o movimento de todas as peças
ainda que eu ande retilíneamente...
dança sem lógica, melhor, na lógica dele: o sistema
de pensar que engendro esta loucura
xadrez de ninguém
teatro desvairado de nadas absurdos
desfile dark pomposo, sofisticado e... maquiado.

De que cor é tua máscara de hoje?
Serve-me pois nesta taça um pouco de teu suor amargo
Vinho decorrido de séculos caninos
Condensarei, domesticarei e venderei na bilheteria do diabo
rentável comércio de valor!

Voltarei de hastes erguidas desta viagem absorta
Cantarei teu verso em tom maior
- menor, bem menor sou eu -
serei tua fábrica de sonho
E também da chuva lhe falarei.

Cálido passo que cái com a tarde
Tudo arde quando as portas se abrem e me expando
Sou tudo e nada plasmada ínfima e majestosamente
Ubiqüidade maior, cósmica, pássara
Respirar de células e líquida
Da suposição de que me olharas e me querias
Um corar de faces latejantes que olvidara que o sangue inda era possível
Fumejar de asas ressonantes a salientar vida
guardo-as no senso, na timidez, na...

guardo-me.

Juliana Ponciri, 28 de outubro do ano de 2010.

domingo, 19 de setembro de 2010

Desaveçando o Abismo (errante vôo)

♫ "Nada sei desta vida. Sigo sem saber.
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada, Sempre distante." ♪


Sou estrada.
E paralela a mim, caminho.
Onde hei de me encontrar?
Só mesmo mirando ao infinito eu me uno a mim.
Então peço de alma ao destino:
Infinita-me!

É tarde e volto de uma viagem que não fui.
Queria ouvir música.
Todavia este silêncio grita tão alto que...
Chega de estridências!
Já sou cega de tantas respostas...
Fecharei meus olhos e abrirei o ouvido interno...
Tão desafinada música me habita
Com essa melodia monótona e depressiva
e ao mesmo tempo gritante e desesperada.
Preciso harmonizar-me.
Silencio.

Vaguidão de não-lugar neste espaço mínimo cerrado
Dasabitação. Territórios de não-eu...
Deleeeeeeeeeuze me livre!!!
Latência rizomática que tenta uma forma
Inútil. Tão liqüefeita sou...
Cabe tanto verso nesta pausa que.
Vontade de. e de...
Calo.

Eu me tento e não me saio.
Contraditório. Silábico. Simbólico.
Imanóico. Emanóico. Paranóico.
Disforme. Distoante. Diabólico.
Diadórico. Con-fusão de Rosas
Veredas indecifráveis... vastas, ermas.

Nesta bucolia metanóica desconhecida
Sigo o passo sendo de não ser
Mas é preciso caminhar, quizás navegar
Voar? Ahhhh utopia desta apnéia apatia
Seria tão êxtase poder... e estar.
Em que ato se encontra minha transcendência?
Medito.

Vou me despetalando para tentar renascer maior
Meio girassol tonto de girar
Muita luz ante minh'escuridão!
Ofusco-me, nauseio-me, recuso-me...
Recluo-me.

Fato é que cansada estou deste caminhar sem rumo.
Mas os sapatos gastados pesam menos.
Saber ter me livrado de alguns fardos me sereniza.
Todavia me pergunto: gestaram ou gestarão flores meus frutos?
Primaveras de não veras
Quizás meus frutos foram inférteis
Valem frutos de um flor que se doa seca?
Colore as sementes gestadas sem beija-flor?
Ne sais pas. rien.
Mas eles riem sobre seus rios secos a jorrar
Correndo incansáveis para o além-mar...
Outononizo-me.

Loucura de anos em mim!
Voluptuosidades. Vida que se apressa.
Filme em convulsão
Imagens híbridas e epilépticas
Esqueléticas, irrizantes, esvázio-cheiantes
Múltiplas e coabitantes estações de pele
e de sangue.
Distorço-me.
Estou tonta de mim e meio zumbítica.
AAAAAAAAArrr! preciso regurgitar-me
Um pote de mundo por favor!
Deixa eu me jogar em qualquer abismo.
Cair no centro de mim...
Despenco-me.

Ouço o eco de minha queda que segue.
Passagens... Paisagens... Ausências...
Não sei quando chego e onde chego.
Infinitooooooooooooooo-me pra dentro de fora de mim...
Apenas sou-me. Imagine.

♫ "Imagine all the people
Living for today..." ♪


I'm NOT a dreamer.
And i'm NOT the only one.

Juliana Ponciri, 19 de setembro de 2010.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Chama

Dias de não-sendo... vou morrendo-me por dentro...
E eles vivem lá foras seus argumentos...

Cá dentro eu absorta em meus sentidos entorpecidos
Carregando esta ânsia de vômito nas veias:
Apressadas, apertadas, apartadas
Da volátil pero verdadeira vida que emana leite e mel
Este verbo-berro que vibra em meu sangue
Lateja uma ausência inexplicável
Meu ventre apela uma resposta
Como uma saudade do futuro que eu já tive
Tudo é náusea e vã filosofia
Porém, silenciar é morrer de pausa
Não consigo parar: de escrever, de pensar, de me ser.

À beira da loucura destes desacontecimentos
Sigo um cantar mudo e simulado e sufocado e desfalcado
Que escorrega nas notas fracas e nos tons desajustados
Não há harmonia, equilíbrio ou paz
A banalidade é monótona música de compassos viciados
- Mais do mesmo -

Mas é preciso soar
Qualquer dor latente... em tom menor que seja!
Engatinhando um verso qualquer
Carmim! Como flores! Carmim! Lírios!
Quero este verso! Quero cheirá-lo!
Dizer pro destino caminhando e caminhante: cá estou. Faça-se!

Nestes passos de desassossego
Vã esperança de desesperar o milagre
Já quero o simples
Qualquer singeleza notória que me arrebate
Que surja como a surpresa
Que eu sorria sem saber
Este riso interno que vem de não sei onde
Pelos olhos de não sei quem
Que emergirá não sei porquê
Sabedoria em não saber.

Eu sei que sinto o vazio
Este é o estágio interessante para se preencher
Vazio que cumpre a ordem dos dias
Livro macabro de paisagens mórbidas, áridas, secas
Deserticada estou, tudo é horizonte!
mas não me apavoro, sigo minha expansão até a linha inalcansável
onde eu me encontro
Nunca estou só
É ali na linha do caminho que eu me re-fugio
E que me re-gugito:
Tem horas que preciso me pôr pra fora
Porque o alimento dos dias comuns me embrulha
E quero e preciso ficar desnuda
crua, vaga, animalesca
Assim como a rua de um sonho
Paisagem onírica mutável e inovadora
Onde só toca e se aprofunda neste mistério pode participar
Onde etiquedas não podem entrar, nem serem penduradas.

É isso. Quero me pôr para fora em chamas
Como faz o Espírito Santo.
Ele sim poderia queimar-me em pensamentos
Destroçar qualquer lógica que é minha
e que reproduzo de outrem...
Reinaugurar-me!
Tornando-me gasosa e suave como o vento
Livre e voante
Que quando brincante, dançante, uiva como brisa da tarde
Ser uma ruiva uivante
Alada por dentro
Fóssil plasmado de mil séculos ancestrais! Abraão! Abraão!

Que falta pra tu vires Santo Espírito?
Vinde e faça-se.
Urgentifico-te. Vem!
Lança-te em meu corpo
Alçai em mim o teu vôo
Desintegra-me! Dilacera-me!
Como as árvores no cambio das estações
Trans-forma-me!
Cá estou rendida:
Seja-me-te voz!
Sussurra em mim o despertar da história
Salva-me! Salga-me! Salta-me!
Abismo quero ser
Caia-se pra dentro em mim!
Instaura a química que explodirá esta mesmice.
E fica. Comigo. Pulsante. Presente. Sempre.

Juliana Ponciri, 14 de setembro de 2010.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ode a Ceresia

Muitos chamam-me pedra.
Não. Sou rocha. E porosa.
Rocha viva dialogante. Cambiante.
Permissível ao fluxo dos elementos.
E deixo livre também a heresia
Para fazer nascer a ceresia
- Com bastante calda por favor! -

A ceresia é aquele cuidado especial
É aquele desejo mais substancial
É o retoque final do sorvete
Que está ali dizendo: Eu sou singular!
Então você vai se deliciando do sorvete até chegar a cereja
- Isso me lembra Tchecov -

É o desejo que a faz tão saborosa
Se você simplesmente a come
Ela não tem valor simbólico
Então melhor que mergulhes desastrosamente
em um pote de cerejas MUITAS!
E morrer de dor de barriga depois!

Mas eu tô falando da do sorvete
Do pecado que é ter este tipo de cereja para si
E da saudável delícia que é esperar comê-la
E então pegá-la, alcançá-la, retê-la como teu troféu
E intimamente você se resume à ser boca
E condensa todos os sentidos no paladar
É uma mistura de gula nostálgica e variante
que vai penetrando teu ser e
transpassando sentidos
E vai alimentando corpo alma e gozo
E escorrendo por entre dentes e línguas e salivas e estesias
Até você virar um todo sinestésico...

O mundo moderno precisa da ceresia,
senão tudo se reduz à mais-valia. ;)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Paisaje

Los días me suelen como pajaros agotados del vuelo...
I know that i must do... but...
Hace falta el ánimo - y la ânima - del espíritu
Como si no fuera más fuego, pero si agua
que escurre por mis poros... sin ni siquiera yo sudar...
Oigo la gente, las musicas, los motores de la ciudad...

Oigo tambien mi corazón que late despaciiiiiiito
como un viejo que intenta marchar sin fuezas...

Lo que aniquilame és la hipocresía del mundo
Yo que tan sólo hasta hoy le ofreci la verdad
La demasiada verdad de mi latir, de mi sonreír, de mi soñar.

Sólo le pido a Dios que lo que venga sea como pluma a bailar en el sol:
leve... suave... vals...
Haciendo magica a los sentidos
Trayendo la intensidad de brazos, corazón y alas abiertas
Inaugurando el calor en los días frios
Pintando de alegre color mi alrededor tan gris...

Y para más allá...
no sé... no more. no más pido.
Tan sólo vivo.
Agradezco.
Y voy.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Insônia

Tudo o que sei é que minha carne quer virar verbo pr'eu calar.
Amar, amar, amar...
Meu sangue fervendo rabisca em ti o meu verso
em re-verso,
avesso-me-te.
Quero mais é não-ser.
Basta estar e morrer.
Morrer pra mulher velha do segundo atrás.
Querosonho-me now! ^^
Em silêncio te imploro e não mais peço,
Abriga no teu tempo meu verso.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Porque holística

Ando tão à pele da flor
Me abro, sorrio, libero perfumes
Sou outono e primavera e...
E nada de vera.

Eu devia ser congelada para estudos virtuais
transformar meus espinhos-poros em circuitos elétricos
quem sabe assim eu falasse a língua dos beija-flores modernos...

Só restou eu de natural neste jardim?
Olho o horizonte e seduzindo-me vou...
irrizando-me e...
perco-me...
Já não me sou.
Sendo eu horizontal só o que é natural responde a mim
Veias oceânicas trazem e levam a onda da vida
Minha supra humanidade lateja na quarta camada da pele
esta que se encontra de fora da epiderme
esta tão táctil, verossímil e acolhedora...
ultra-sensibilidade que marca meu pulsar no mundo
e que a cada encontro registra minhas digitais na Criação
pontas dos dedos expandidas tocando o ar
poros estendidos e potencializados
fundindo meu corpo no corpo do mundo
aqui: torre de Babel pós-fermentação,
homogeneidade, unidade e plenitude que cala
porque maior é a comunicação...

Tudo o que cái neste trânsito tem que significar
seja uma moeda ou uma vida
Eu sou hibridamentecorpo universal
vim das estrelas e a luz que brilha no meu gene
é muito maior que eu
e que meu entendimento.
Como explicar aos robôs modernos
minha natureza cósmica
tão bio-lógica, tão física, tão química, tão quântica?
Para que olhos postos para dentro ou para fora se não podes ver?
Evolução que parou e estagnou no estágio visio-lógico.
Quanta cegueira no mundo!

Vivo de escuro porque a trans-posição de meus olhos faz doer
Co(ns)ciente escuridão...
As janelas se fecham para dentro
inverso desse tão fora pequeno
uni-verso intra-estelar tão luminoso
imensurável luz que me inunda
eu te bebo em alimento
sou oxigênio no corpo do mundo
E de tão leve e fundida
é natural meu vôo
Eu: carne diluída em verbo
verborização vibrando unívoca.
E toda vez que me fecho
o sol que mora em mim
anfitrião que anima a ciranda da vida
convidando à reunião onde comunicação é dança
entusiasta maluquinho! menino peralta!
Não consigo controlar esta criaturinha expansiva e agregadora!
Só quer brincar de luzir! rs
E abraça tudo quanto passar em seu caminho! =.)

E sendo eu toda assim Todo
já não posso ser parte separada.
E eis porque quando não te agregas e dança também,
para ti apenas cintilo.
Sou partícipe da Vida Maior,
Se você não vem junto,
Eu não fico.

Te convido.

Juliana Ponciri, 30/07/2010.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Embaçada lente de Freud

Ando tão saturada desta herança Freudiana...
Como diria o João Grilo, saudoso personagem de Suassuna,
Ele só pode ter sido filho de chocadeira! (risos)
Porque em tudo o pensamento dele é machista...
Por isso encaixa como uma luva para o imaginário de nossa sociedade patriarcal.

Eu estava lendo tempos atrás sua biografia,
Relatos retratam que ele sentia repúdio e pavor de sua mãe
E falam em complexo de Édipo e coisas do tipo...
Segundo consta, ele interrompeu a atividade sexual muito cedo em sua vida
por não suportar mulheres...
Uma espécie de celibato forçado (e bem forçoso, a meu ver).

Não bastasse-nos esta herança falocêntrica
Onde a vivência sexual é tomada por causa e não mera consequência
Além de toda esta onda da sociedade cujo materialismo é solipsista, unilateral, voluntarista, contrariando toda e qualquer dialética
Ainda enfrentamos a contradição subjacente do medo e do desafio do auto-conhecimento.

Destas portas e passagens trancadas a nós mesmos
resulta o embate de contradições dilacerantes:
Uma luta entre uma vocação ontológica sensível
e a construção social dos pseudo-valores sexualizantes
(e não verdadeiramente sexuais).

Ora, a abertura para o outro
há de ser antes uma abertura para si e para o cosmo.
É doentio jogar no outro a projeção de teu centro
Abertura e desprendimento não é isso!
Por um lado até entende-se, pois o centro do homem ocidental é na cabeça...
Mas é preciso assumir outra postura, nadar contra a corrente do sistema
Sair da roda-gigante viciada desta reificação homérica que o tempo impõe...

Noto, e para meu espanto, muito recorrentemente
Como determinados hábitos contemporâneos são tomados como normais
As pessoas põe sua melhor roupa e "vão para a night caçar"
E como alguém que vai a uma loja de CD e escolhe ouvir algo para relaxar
As 'vítimas' são escolhidas...
Não! As pessoas podem até ser um "meio"
mas são antes de tudo um fim em si mesmas
Vítimas são os sujeitos caçantes e suas caças
Vítimas desta anestesia dos dias
Desta falta de wake up, de enxergar poesia nos dias, de estesia, de sinestesia, enfim, de sensibilização
Porque conscientes do fazem todos são.

Coisifica-se pessoas e humanizam-se coisas...
O mundo está mesmo fora dos eixos meu Deus!
Como alçar equilíbrio???
Filhos de Descartes, leva-se tudo aos extremos
Sim, por isso vivemos a Era dos Extremos meu caro Hobsbawm,
Não há igual e transcendente distribuição de energia para a compreensão do eixo como um Todo.
O eixo por aqui é sempre uma meta fora de si...

Ou mudamos essencialmente de paradigmas
Ou estamos fadados ao vazio.
Ao EXTREMO vazio!
E não mais adiantarão anti-depressivos...

Sim, meu lindo Buda, é preciso DESPERTAR!
A sensibilidade está adormecida nos homens
E eles falam dela como habilidade desenvolvida pelos PHD's especializados...
Sim! Aqueles com diplomas ou carimbados em carteira A, B, C, D, E , F, G, H de Homem evoluído!
Especialista em condução de gente...
Mas... condução para onde mesmo?
Ilárias contradições...
Para o abismo sem fim! Queda interminável!
Des-eixo! Não-lugar! Crise de "identidade"!
Para tão somente o solitário, frio e irrizante VAZIO d'alma.
Solidão "inconscientemente", freudianamente, eleita.

Mudemos de paradigmas meus caros,
Saiamos desta corrente viciosa!
Humanizemo-nos! Faz-se urgente!

Juliana Ponciri, 26 de junho de 2010, 06:38

domingo, 18 de julho de 2010

Desforme (kafkando)

Aaaahhh este teu olhar!
Sugando minh'alma tenazmente para dentro do teu lugar...

Teu corpo-lugar tão seu e...meu.
Estando em ti, nada me sobra, nada me sombra
Acima de mim uma luz
Giro em volta a mim e nada se marca no chão...
Diluída. Dilatada. Evaporada.

Se te saio, me saio também.
Instaurado estranhamento!
Des-posse, medo...

Teu abraço, laço seguro.
Momento em que se confirma o é da coisa que apenas é.

Teu elo, corrente que ata meus abismos.

Já vais?
E a corrente?

Foste.
Sentidos dessentidos, desnorteados...

Me jogaram inseticida?
Barata em geografia enlouquecida sou.

Campo descampado
Mapa fervil destampado
Vazando o calor da fervura de meus poros eriçados...

Alma vazando...
des-gelo...
E eu indo...

Meu olhar segue acompanhando-te 
Enquanto gotejo es-vaziando-nos
ping. ping. ping...

Esvou-me... lentamente...
Sólida a líquida...
Gasosa.
Secando, minguando, irrizando... 
Ex-perando.

Juliana Ponciri, 18/07/2010